Dos falsos números que impressionam (2006)
A primeira vez que li a estória do Rei Nu foi através da pena de Rubem Alves. Era um rei tão temido que ninguém ousava dizer-lhe verdades; tão ingênuo que acreditava em tudo o que seus súditos diziam desde que massageasse seu ego. Diante dele, todos fingiam acreditar que tudo dele era verdadeiro, belo e bom ainda que, nos corredores, o fuxico corresse solto.
Certa vez ele foi convencido por seu alfaiate a “vestir” uma roupa invisível. Detalhe: para o rei seria invisível, mas para os súditos seria a roupa mais linda do reino. Todo cheio de si, saiu com a “roupa nova”, desfilando em carro aberto. Por onde passava era festivamente aplaudido, até que, num tom absoluta e desagradavelmente dissonante, com toda simplicidade e sinceridade peculiar das crianças, um menino grita, alegre e debochado: - “O Rei está nu!”
O invisível era tão visível que o coração do povo explodiu ao som daquela inocente voz.
Foi um caos!
Assim somos nós. Nos impressionamos com tudo que vem amparado em números e estatísticas, especialmente se embalados em linguagem “científica”. Então, aparece um líder com ambições de estrela, decidido a galgar todos os cargos de prestígio ou poder do seu universo significativo, contando maravilhas em suas pregações, tudo devidamente amparado pelo “número” de pregações realizadas, de conversões registradas, de Estados e países visitados, enfim, e os aplausos se tornam ensurdecedores.
Vez por outra, nos plenários da vida, aparece um José de alguma coisa, se esgoelando, tentando chamar a atenção dos “convencionais” de que algo está errado. Mas o delírio coletivo é tal que ele é acusado de recalcado, desajustado, desordeiro, insubordinado e deselegante.
E sua voz é abafada: - “Cala-te “cego”, não vê que o mestre é muito importante, ocupado e que está muito assediado?!”
Mas absurdos não resistem por muito tempo. Como se diz popularmente, enganam-se alguns, durante algum tempo; muitos, durante muito tempo, mas não todos, durante todo o tempo. Um dia, uma voz dissonante, quando a realidade se torna insustentavelmente absurda, consegue fazer a verdade explodir. Então, todos os cegos, surdos e mudos, como que numa tentativa de redenção coletiva e de acomodação à nova realidade, começam um novo coro: - “bem que eu desconfiava, mas preferia ficar calado...”.
O problema é preferirmos ficar calados. Na dúvida, é melhor não incomodar o rei nem se indispor com ele.
Até discursos com ares de sabedoria são construídos para nos calar: - “se não tem solução, melhor é ficar calado”. Mas, ficar calado por não ter solução representa acomodação e não sabedoria. O fato de não enxergarmos uma solução não é motivo para ficarmos calados. Pensar, expressar-se, compartilhar a dor, o lamento, o problema, isso sim pode fazer brotar uma saída.
Manifestar o desejo é essencial, pois é como diz o trocadilho em inglês, “where there is a will there is a way”. É isso, onde há uma vontade, um desejo, há um caminho, uma saída. Portanto, manifestemos nossa vontade, nosso desejo de ver imperar a verdade, a justiça, a honestidade; de ver irromper o Reino de Deus. O silêncio, nesse caso, nada constrói.
Pois é, professor, não lamente! Alegre-se, não pelos falsos números ou pelos falsificadores de quantidades. Alegre-se, pois a alegria, mesmo quando ou até quando ou porque vem depois do anoitecer, deve ser muito bem-vinda. Especialmente se ela é fruto do brotar da verdade, do surgimento de fatos que nos ajudam a crescer naquilo que não pode ser enumerado ou quantificado.
Certa vez ele foi convencido por seu alfaiate a “vestir” uma roupa invisível. Detalhe: para o rei seria invisível, mas para os súditos seria a roupa mais linda do reino. Todo cheio de si, saiu com a “roupa nova”, desfilando em carro aberto. Por onde passava era festivamente aplaudido, até que, num tom absoluta e desagradavelmente dissonante, com toda simplicidade e sinceridade peculiar das crianças, um menino grita, alegre e debochado: - “O Rei está nu!”
O invisível era tão visível que o coração do povo explodiu ao som daquela inocente voz.
Foi um caos!
Assim somos nós. Nos impressionamos com tudo que vem amparado em números e estatísticas, especialmente se embalados em linguagem “científica”. Então, aparece um líder com ambições de estrela, decidido a galgar todos os cargos de prestígio ou poder do seu universo significativo, contando maravilhas em suas pregações, tudo devidamente amparado pelo “número” de pregações realizadas, de conversões registradas, de Estados e países visitados, enfim, e os aplausos se tornam ensurdecedores.
Vez por outra, nos plenários da vida, aparece um José de alguma coisa, se esgoelando, tentando chamar a atenção dos “convencionais” de que algo está errado. Mas o delírio coletivo é tal que ele é acusado de recalcado, desajustado, desordeiro, insubordinado e deselegante.
E sua voz é abafada: - “Cala-te “cego”, não vê que o mestre é muito importante, ocupado e que está muito assediado?!”
Mas absurdos não resistem por muito tempo. Como se diz popularmente, enganam-se alguns, durante algum tempo; muitos, durante muito tempo, mas não todos, durante todo o tempo. Um dia, uma voz dissonante, quando a realidade se torna insustentavelmente absurda, consegue fazer a verdade explodir. Então, todos os cegos, surdos e mudos, como que numa tentativa de redenção coletiva e de acomodação à nova realidade, começam um novo coro: - “bem que eu desconfiava, mas preferia ficar calado...”.
O problema é preferirmos ficar calados. Na dúvida, é melhor não incomodar o rei nem se indispor com ele.
Até discursos com ares de sabedoria são construídos para nos calar: - “se não tem solução, melhor é ficar calado”. Mas, ficar calado por não ter solução representa acomodação e não sabedoria. O fato de não enxergarmos uma solução não é motivo para ficarmos calados. Pensar, expressar-se, compartilhar a dor, o lamento, o problema, isso sim pode fazer brotar uma saída.
Manifestar o desejo é essencial, pois é como diz o trocadilho em inglês, “where there is a will there is a way”. É isso, onde há uma vontade, um desejo, há um caminho, uma saída. Portanto, manifestemos nossa vontade, nosso desejo de ver imperar a verdade, a justiça, a honestidade; de ver irromper o Reino de Deus. O silêncio, nesse caso, nada constrói.
Pois é, professor, não lamente! Alegre-se, não pelos falsos números ou pelos falsificadores de quantidades. Alegre-se, pois a alegria, mesmo quando ou até quando ou porque vem depois do anoitecer, deve ser muito bem-vinda. Especialmente se ela é fruto do brotar da verdade, do surgimento de fatos que nos ajudam a crescer naquilo que não pode ser enumerado ou quantificado.
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