Depois de 25 anos (2008)
De repente acordei com a lembrança de que há 25 anos minha vocação pastoral foi reconhecida oficialmente pelo sistema batista. Mediante parecer de um Concílio de Pastores que se reuniu por solicitação da Igreja Batista do Cordeiro, Recife, atendendo desejo da Igreja Batista do Pinheiro, Maceió, fui “consagrado” no dia 03 de setembro de 1983.
Já pastoreava, de fato e com muito mais limitação, desde o início da adolescência, sem, obviamente, a amplitude, os requisitos e as qualificações exigidos para o exercício, digamos, profissional.
Lembro-me de que, para cada pergunta dos examinadores, “fundamentei” bem a resposta com muito texto bíblico. Aprendi sob as mangueiras do seminário, com os mais experientes, que citar a Bíblia soaria como música aos ouvidos dos examinadores. Então, para todos os possíveis temas memorizei uma infinidade de textos.
Durante os 25 anos seguintes continuei usando a Bíblia como livro texto, ainda que sem a ingenuidade, a motivação e a finalidade daquela ocasião. Muito mais por dúvida do que por devoção, continuo comparando minuciosamente o que ela diz com outras formas de enxergar a realidade, especialmente naqueles assuntos que meu limitado cérebro insiste em não encontrar sentido nas respostas dadas pelos gurus da vida.
Ironicamente, dentre os que me examinaram como integrantes do Concílio, com poderes para “julgar, salvar ou condenar”, há quem já abandonou alguma das coisas pelas quais, naquele concílio, eram guardiães tais como doutrina, família, pastorado ou igreja. Alguns usam maquiagem e outros, como eu, continuam no pastorado como numa roda gigante.
Sim, como numa roda gigante, estive nos ares e no chão, experimentei o céu e o inferno, e, se estou aqui contando a história, foi porque o eixo do brinquedo manteve-se firme. Diga-se de passagem, o eixo não quebrou, mas eu me senti quebrado “n” vezes em diversas áreas da vida pessoal e ministerial. Pior ainda: as vezes que estive no chão pareceram muito mais dolorosas e demoradas, dai estarem mais vivas na memória.
Nesses 25 anos progredi muito. Já consegui me tornar como Moisés, Davi, Salomão, Isaias, Jeremias, Jesus, Pedro e Paulo. Como Moisés, já me senti sem fala e bati “nas pedras” com muito mais força do que deveria; como Davi me enchi de maus pensamentos e meus ossos doeram; como Salomão muitas vezes o pessimismo me dominou; como Isaias enxerguei-me profundamente pecador; como Jeremias continuo me achando uma criança chorona; como Jesus já fui crucificado, justamente, diga-se de passagem; como Pedro me acovardei e, como Paulo continuo dizendo: “miserável homem que sou!”.
E as coisas boas? As coisas boas são ambulantes. Elas estão na memória daqueles que se sentiram abençoados por meu trabalho. Sei delas somente quando encontro alguém que se lembra de dizer o quanto uma atitude, palavra ou ação minha significou positivamente para os rumos da sua vida. O resto – números, tijolos, títulos ou cargos, por exemplo – não alimenta, antes engana a alma. Como diria o pregador, é vaidade!
Depois de 25 anos sinto-me dependente da graça de Deus como um viciado em drogas. Com toda honestidade do meu coração, seja como pessoa, seja como pastor, quanto mais o tempo passa, mais descubro que viver é uma aventura na qual a alegria é experimentada exclusivamente pela graça de Deus.
Dependo tanto dela a ponto de admitir que, se a teoria da predestinação, como advogada por alguns, fosse verdadeira e a minha predestinação fosse o inferno, iria com um riso nos lábios só por saber que foi plano de um Deus onipresente e gracioso.
Ainda bem que, nesses 25 anos, aprendi também a não investir minhas energias em temas, como predestinação, escatologia, enfim, cujo resultado não pode ser alterado por minha vontade e ação, seja qual for a teoria em relação a eles. Por isso, vou tentando viver com honestidade e amor, acertando e errando, tentando ser gente.
Tentar ser gente foi o que mais fiz nesses 25 anos de ministério. Já perdi muito por isso, mas nada que me levasse a me arrepender e a mudar de rumo. Continuo firme na “vocação”. Saberia viver sem ser pastor-executivo de empreendimento religioso, mas não saberia viver sem ser pastor-gente de gente.
Já pastoreava, de fato e com muito mais limitação, desde o início da adolescência, sem, obviamente, a amplitude, os requisitos e as qualificações exigidos para o exercício, digamos, profissional.
Lembro-me de que, para cada pergunta dos examinadores, “fundamentei” bem a resposta com muito texto bíblico. Aprendi sob as mangueiras do seminário, com os mais experientes, que citar a Bíblia soaria como música aos ouvidos dos examinadores. Então, para todos os possíveis temas memorizei uma infinidade de textos.
Durante os 25 anos seguintes continuei usando a Bíblia como livro texto, ainda que sem a ingenuidade, a motivação e a finalidade daquela ocasião. Muito mais por dúvida do que por devoção, continuo comparando minuciosamente o que ela diz com outras formas de enxergar a realidade, especialmente naqueles assuntos que meu limitado cérebro insiste em não encontrar sentido nas respostas dadas pelos gurus da vida.
Ironicamente, dentre os que me examinaram como integrantes do Concílio, com poderes para “julgar, salvar ou condenar”, há quem já abandonou alguma das coisas pelas quais, naquele concílio, eram guardiães tais como doutrina, família, pastorado ou igreja. Alguns usam maquiagem e outros, como eu, continuam no pastorado como numa roda gigante.
Sim, como numa roda gigante, estive nos ares e no chão, experimentei o céu e o inferno, e, se estou aqui contando a história, foi porque o eixo do brinquedo manteve-se firme. Diga-se de passagem, o eixo não quebrou, mas eu me senti quebrado “n” vezes em diversas áreas da vida pessoal e ministerial. Pior ainda: as vezes que estive no chão pareceram muito mais dolorosas e demoradas, dai estarem mais vivas na memória.
Nesses 25 anos progredi muito. Já consegui me tornar como Moisés, Davi, Salomão, Isaias, Jeremias, Jesus, Pedro e Paulo. Como Moisés, já me senti sem fala e bati “nas pedras” com muito mais força do que deveria; como Davi me enchi de maus pensamentos e meus ossos doeram; como Salomão muitas vezes o pessimismo me dominou; como Isaias enxerguei-me profundamente pecador; como Jeremias continuo me achando uma criança chorona; como Jesus já fui crucificado, justamente, diga-se de passagem; como Pedro me acovardei e, como Paulo continuo dizendo: “miserável homem que sou!”.
E as coisas boas? As coisas boas são ambulantes. Elas estão na memória daqueles que se sentiram abençoados por meu trabalho. Sei delas somente quando encontro alguém que se lembra de dizer o quanto uma atitude, palavra ou ação minha significou positivamente para os rumos da sua vida. O resto – números, tijolos, títulos ou cargos, por exemplo – não alimenta, antes engana a alma. Como diria o pregador, é vaidade!
Depois de 25 anos sinto-me dependente da graça de Deus como um viciado em drogas. Com toda honestidade do meu coração, seja como pessoa, seja como pastor, quanto mais o tempo passa, mais descubro que viver é uma aventura na qual a alegria é experimentada exclusivamente pela graça de Deus.
Dependo tanto dela a ponto de admitir que, se a teoria da predestinação, como advogada por alguns, fosse verdadeira e a minha predestinação fosse o inferno, iria com um riso nos lábios só por saber que foi plano de um Deus onipresente e gracioso.
Ainda bem que, nesses 25 anos, aprendi também a não investir minhas energias em temas, como predestinação, escatologia, enfim, cujo resultado não pode ser alterado por minha vontade e ação, seja qual for a teoria em relação a eles. Por isso, vou tentando viver com honestidade e amor, acertando e errando, tentando ser gente.
Tentar ser gente foi o que mais fiz nesses 25 anos de ministério. Já perdi muito por isso, mas nada que me levasse a me arrepender e a mudar de rumo. Continuo firme na “vocação”. Saberia viver sem ser pastor-executivo de empreendimento religioso, mas não saberia viver sem ser pastor-gente de gente.
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