sábado, 15 de agosto de 2009

Cristo e o alerta dos fins dos tempos

Textos:
Texto bíblico - Mateus 23 e 24
Texto áureo - Mateus 24.42-43


Comentários da lição:
Os textos proféticos ganham evidência em períodos de crise econômica ou social, como meio de aliviar a dor dos que sofrem e de responder aos profundos questionamentos que tais épocas produzem. A ênfase em tais textos aumenta a esperança das pessoas numa iminente e sobrenatural intervenção divina mas, ao mesmo tempo, anula a criatividade que Deus lhes deu de interpretar a realidade e de compreender que, salvo exceções geradas por catástrofes naturais, os problemas sociais são resultados da ação egoísta daqueles que detém o poder político-econômico.

Não podemos negar que os aspectos proféticos do texto em pauta são de difícil interpretação. Estudá-los, porém, com dedicação, nos ajudará a estarmos melhor preparados para o exercício da fé e da cidadania cristã.

Mateus 23.1-39 Advertência aos líderes religiosos

Nos versos 1 a 7, Jesus denuncia a incoerência existente na vida dos escribas e fariseus. O que eles fazem não é compatível com o que eles ensinam; os fardos que eles põem sobre os ombros dos outros, eles mesmos não carregam; quando fazem alguma coisa, o propósito não é fazer a vontade de Deus; antes, o propósito é serem vistos pelos homens.

Nos versos 8 a 12, Jesus ensina aos discípulos a nova forma de relacionamento que deveria se estabelecer com o advento do Reino de Deus: uns não deveriam querer se sobrepor aos outros, como acontecia com os fariseus.
Jesus não está eliminando a necessidade de autoridade na sociedade; seu combate é a um tipo de relacionamento social, conhecido como autoritarismo, em que as leis são impostas, em benefício de alguns e em prejuízo da maioria ao invés de serem negociadas, visando o bem estar de todos.
Ele está dizendo que a nova sociedade não deveria ser dividida entre os que têm privilégios por mandarem e os que carregam pesados fardos por serem mandados, mas formada por pessoas dispostas a servirem umas as outras e regidas pelo respeito mútuo.

Nos versos 13 a 24, Jesus denuncia a ilusão que eles criavam nas pessoas pois, convertendo-se aos ensinos irrefletidos deles, em vez de participarem do Reino de Deus, elas se afastam ainda mais.
Geralmente, quando alguém muda de uma religião para outra, a tendência é combater a anterior e colocar-se rigorosamente em defesa da nova. Se os líderes da nova religião estimularem tal postura, o radicalismo delas é ainda pior. E era exatamente isso que acontecia com o farisaísmo.
A postura de Jesus contra esse procedimento é compreensiva quando entendemos que sua proposta não era que as pessoas mudassem de religião mas que mudassem de vida, através da mudança na forma de se relacionarem com Deus e com seus semelhantes.

Nos versos 25 a 28, Jesus denuncia a religião de fachada que eles viviam, uma vez que seus corações estavam profundamente sujos, apesar da bela aparência religiosa que demonstravam. Daí a utilização de farisaísmo como sinônimo de hipocrisia.
Nos versos 29 a 35, Jesus denuncia a falsidade deles, aparentando respeitar os profetas mortos, cuidando de suas sepulturas quando, na verdade, foram eles quem os mataram. A referência, no verso 35, a Abel e a Zacarias é uma força de expressão que Jesus utiliza, uma vez que o assassinato de Abel está registrado em Gênesis, o primeiro livro do Velho Testamento e o de Zacarias, em II Crônicas (24.20-22), o último do Velho Testamento, na versão hebraica. Em outras palavra o que Jesus está dizendo é que, na verdade , do começo ao fim da história, Israel não reconhece seus profetas; mata-os.

Mateus 24 - Os acontecimentos do final dos tempos

O sermão profético, na forma como está registrado no capítulo 24, foge aos característicos de Jesus que, na maior parte do seu ministério, trata mais de questões ligadas à vida presente sob o domínio do Reino de Deus.
O Sermão surge do desejo dos discípulos de saberem quando se daria a destruição do templo de Jerusalém e que sinais haveriam da vinda dele e do fim do mundo. W. Barclay divide os assuntos tratados em seis temas:
1) Os dias terríveis em que Jerusalém seria sitiada por Tito (25.15-22);
2) Destruição total de Jerusalém (24.1, 3);
3) Imagens extraídas da concepção judaica do Dia do Senhor (24.6-8;29-31);
4) Perseguições que os seguidores de Cristo sofreriam (24.9-10);
5) Ameaças contra a igreja e sua pureza(24.4-5;11-13;23-26);
6) A segunda vinda de Cristo (24.3,14,27-28).
A mensagem é de difícil interpretação pois foi pronunciada, ora através de linguagem literal, ora através de linguagem simbólica mas é claro o propósito: o alerta feito no sentido de não nos preocuparmos em desvendar o fim dos tempos, a fim de que não sejamos enganados por falsos profetas, nem nos desviemos do propósito fundamental do discipulado que é anunciar, com palavras e ações, o evangelho.

Mateus 24 - As profecias do final dos tempos e seu cumprimento

Na resposta dada à pergunta dos discípulos, Jesus faz uma distinção entre os elementos que ocorreriam em função da destruição de Jerusalém e dos que ocorreriam em função da sua vinda.
Quanto a destruição de Jerusalém, ela aconteceu no ano 70 DC, quando os Romanos decidiram destruir Jerusalém, fazendo com que a profecia de Jesus se cumprisse ao pé da letra.
Quanto ao fim do mundo e retorno de Cristo, as tentativas conhecidas de definir épocas têm se demonstrado nocivas à vida humana.
Não são poucos os casos de pessoas que ficaram desequilibradas emocionalmente e tiveram que ser internadas em hospitais psiquiátricos por crerem em interpretações equivocadas dos textos bíblicos, bem como não são poucas as histórias de suicídio em massa, de pessoas que se deixaram levar por líderes que não respeitaram o ensino de Jesus no sentido de deixarmos este assunto com Deus, senhor da história.
O próprio Jesus, além de ser claro quanto à postura que devemos adotar(Mt. 24.36; At. 1.7), nos ensina que não devemos nos preocupar com o dia de amanhã(Mt. 6.34).

Mateus 24 - Ensinos decorrentes da mensagem sobre o final dos tempos

Uma das lições que ficam é apresentada por Frank Sttag (Comentário Bíblico Broadman, Vol. 8, Juerp, Rio de Janeiro, 1983). Segundo ele, ao falar sobre guerras e rumores de guerras, Jesus não estaria se referindo as guerras entre nações e muito menos que não deveríamos trabalhar em prol da paz. O ensino de Jesus é voltado para guerras "messiânicas" e para o cuidado que os discípulos deveriam ter para não serem arrastados para elas.
Outra lição importante é a da perseverança. Ser fiel ao ponto de dar a própria vida por causa do evangelho é o desafio que temos diante de nós até porque, é quando estamos dispostos a dar nossa vida pelo evangelho que encontramos a verdadeira vida; ou como disse Jesus, "se o grão de trigo caindo em terra não morrer, fica só; mas se morrer, dá muito fruto"(Jo. 12.24)


A LIÇÃO EM FOCO

1. Uma das frases célebres, relacionadas à volta de Cristo é: "viva hoje, como se Jesus fosse voltar amanhã". Bonita em sua expressão, ela traz consigo duas idéias equivocadas. A primeira seria a crença de que, se a volta de Jesus coincidir com um momento infeliz nosso, ele não nos levará consigo. Na década de 70 um cantor batista gravou uma música que dizia que, se a volta de Cristo coincidisse com o horário de cultos, muitos que cochilam durante o culto não seriam subiriam com ele.
Essa idéia, além de contrariar a doutrina da salvação pela graça, alimenta a imagem de um Deus que nos julga por coisas irrelevantes e nos manda para o inferno por detalhes da nossa vida. Além disso, condiciona as pessoas a deixarem de fazer coisas erradas não como resultado de uma regeneração ou consciência do bem mas pelo medo de punição.

2. Ao longo da história têm surgido grupos que se apegam ao texto em pauta para provar que Cristo está voltando.
Uns, desconsiderando os modernos equipamentos que registram os menores terremotos em cada ponto do planeta e a existência dos meios de comunicação que os divulgam até em tempo real, se alegram ao anunciar que nunca houve tantos terremotos como em nossos dias.
Outros, pelos mesmos motivos tecnológicos, tomando conhecimento dos menores conflitos que ocorrem em cada canto do planeta, anunciam que esses fatos são a prova que faltava de que Cristo está para voltar.
Enquanto utilizam seu tempo em torno de possíveis sinais da volta de Cristo, se esquecem da missão que temos de trabalhar, por exemplo, pela paz e pela defesa do meio ambiente criado por Deus. Nossa missão é anunciar a possibilidade de salvação em Cristo e não utilizar nosso tempo tentando prever acontecimentos reservados a Deus.

0 comentários: